Eu costumava ficar horas te observando sozinha, sem que você percebesse. Costumava ficar pensando em nós antes de dormir, imaginava como seria quando você chegasse mais perto e mais perto, talvez fosse bobagem pensar em você, talvez perda de tempo, mas mesmo assim eu queria, porque por alguma razão aquilo me fazia feliz.
Não era difícil puxar assunto, falar do tempo podia ser a melhor escolha e se eu resolvesse dizer o que sentia, você estava sempre lá, sempre pronto pra me ouvir, mesmo que não fosse por você. Alguns dias que se passaram e eu não me dei conta de que o vazio que eu sentia era a sua falta, que o que me fazia sorrir nas manhãs de chuva eram suas piadas de como o meu cabelo ia ficar.
Tudo parecia bobagem e importante ao mesmo tempo, as horas passavam voando quando conversávamos e o tempo não importava jamais, era o primeiro bom dia e o último boa noite. Sempre.
De repente, as coisas ficaram diferentes, confusas, eu não sabia mais se era certo falar o que eu sentia, se era certo eu aceitar o que você sentia, minhas palavras começaram a sair como navalhas pela minha boca e eu não conseguia mais ver seu sorriso, apenas um rosto sério. As caixas de entrada começaram a ficar cada vez mais vazias, até sumirem completamente.
Não o culpo de nada, os erros são meus, sempre serão, algumas coisas simplesmente acontecem em nossas vidas e temos apenas que aceitá-las e seguir em frente. Cada um em seu caminho.
Se eu pudesse eu diria o quanto eu sinto muito, porém, não seria justo. Não quero nada que crie uma ilusão de que tudo vai ficar bem, não quero ser a razão de mais uma decepção, as vezes a dor é melhor maneira de nos lembrar o quanto ainda somos humanos e cometemos erros e o quanto temos que melhorar.