quarta-feira, 4 de junho de 2014

Outra era

Eu queria viver na era onde não existia telefone, internet, televisão, nada dessas coisas que “aproximam” as pessoas, porque isso é uma mentira. O que aproxima as pessoas é a boa e velha roda de amigos, conversas, risadas e um violão.
O que aproxima as pessoas é o calor de um abraço, aquele olhar que penetra a alma do outro, é o sorriso ao corar as bochechas de um ser apaixonado.  O que aproxima as pessoas são as palavras ditas diretamente, cara a cara. Gosto de quando está frio e tem alguém do lado pra encostar a cabeça quando estou sonolenta,  gosto de alguém que mexa no meu cabelo quando quero apenas desabafar sobre meu dia, acho que até poderia existir televisão para que pudéssemos ver um bom filme e dar risadas no final.
Eu queria que o “sinto sua falta” saísse das caixas de entrada e que a saudade morresse no abraço apertado, queria que o por do sol durasse dias e que o calor envolvesse quem quer que seja que estivesse sozinho, queria que a solidão só existisse quando estivéssemos tristes, mas tenho certeza de que ela não existiria se o mundo fosse assim. Sonho com o dia em que o “oi” vai ser pessoalmente, que o beijo será sentido e retribuído, que as frases tenham som e que todas as expressões sejam verdadeiras.



Se eu pudesse viveria em uma época em que chamar fosse a única forma de “chamar” que pra ta perto tem que estar junto, uma época em que não fosse possível escutar nenhum tipo de bipe, apenas o nome, que promessas não fossem apenas palavras, que tudo fosse sentido, ouvido, dito. Uma era onde não seríamos sozinhos.

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