sexta-feira, 6 de setembro de 2013

FADA

                   

                  Já passa da hora de estar na cama, mas para um ser como eu, não seria anormal estar acordada. A lua hoje parece estar a metros da terra, sento em baixo da maior árvore do bosque, ele está chegando. Sinto isso a cada sopro de vida que vem em minha direção (vento), não me admira que ele venha me visitar, afinal já fazem algumas luas que não nos vemos.
                   Consigo sentir sua respiração e o bater de seu coração parece estar mais forte, apesar de saber que é ele a se aproximar, ainda não sei de que lado vem. Olho para a escuridão a frente, mas seu perfume não vem daquele lado, então sinto uma brisa perfumada vinda de trás de mim, meu coração parece saltar pela boca, respiro fundo disfarçando meu nervosismo, é apenas um humano. Porque ter medo? Sinto ele me abraçar por trás e logo não consigo segurar meu sorriso ao saber que ele já está aqui.
                    Viro-me para ver de perto aquele que ocupa a maior parte de meus pensamentos, que me tira o ar com palavras tão simples e sinceras e que apenas com um sorriso é capaz de preencher todo o vazio que me cerca e deprime. De tanto o olhar ele solta uma risada tão agradável a meus ouvidos que mais uma vez me esforço para recuperar o fôlego, porém ele interrompe meu processo com um doce e longo beijo, não consigo pensar em nada além dele e de seus olhos que refletem meu rosto a luz do luar, seria capaz de ficar ali a noite toda, mas a lua insiste em dar espaço para o sol que nos separa todas as vezes.
                   Minhas mãos deslizam por seu peito delineado em músculos cuidadosamente distribuídos, logo seu abraço se torna mais forte e não consigo disfarçar meu nervosismo que parece transparecer em minha ele, essa era a sensação que eu tinha em estar perto dele, de que eu não era capaz de esconder nada de sua mente, pois ele conseguia entrar em meus pensamentos facilmente e desvendar meus mistérios que até hoje escondi com receio da rejeição por não ser um ser como os outros. Seus dedos entrelaçam em meus cabelos dando–me a sensação de sonolência, ele seria capaz de anestesiar tudo o que existe em mim, até mesmo minha mente.

                   Aos poucos o sinto novamente em meus pensamentos, logo ele consegue saber tudo o que sinto, tudo o que fui e o que sou, meus segredos agora são nossos e com apenas um sorriso ele apenas sussurra: “fada”. 

                                                                                                                Rosana Mielezarski

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